Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), aproximadamente 8% das crianças com menos de três anos de idade sofrem com alergia alimentar. Por isso, é fundamental que as escolas saibam quais os cuidados necessários para receber os alunos e, principalmente, como agir em casos de emergência. Para discutir o tema, nesta quarta-feira (6), cerca de 30 escolas participaram do 3° Talk Café, um encontro promovido pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM) em parceria com a Associação da Pessoa Alérgica Alimentar do Amazonas (Apaam).
"Temos buscado trazer especialistas e assuntos de grande relevância para a educação. A primeira edição do Talk Café falou sobre Inclusão e, a segunda, sobre o Novo Ensino Médio. Dessa vez, estamos abordando a Alergia Alimentar, um assunto sério e que exige cuidados, pois podem desencadear reações severas, levando, inclusive, à morte", destacou a presidente do Sinepe-AM, Laura Cristina Andrade.
Leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar são os principais causadores de alergia alimentar. Além disso, alguns materiais que costumam fazer parte do ambiente escolar também podem desencadear reações alérgicas, entre eles, balão, massa de modelar, tinta guache, giz de cera, papel machê e o glitter.
Diferente da intolerância alimentar, que apresenta reações semelhantes às da alergia, porém menos críticas, na alergia ocorre uma reação anormal do sistema imunológico, que detecta o alimento como um corpo estranho e produz anticorpos. Por sua vez, a intolerância é a dificuldade do corpo em ingerir ou absorver algum nutriente, geralmente devido à falta de alguma enzima, que é responsável pela digestão e processamento dos alimentos.
Essas reações alérgicas podem surgir com o aparecimento de urticárias (placas vermelhas que causam coceiras), inchaço dos lábios, dos olhos, dificuldade de respirar, tosse, coriza, espirros, desconforto na garganta, diarreia, dores abdominais e vômito. Em casos mais graves, a pessoa com alergia pode sofrer um choque anafilático, que é uma reação mais severa, com desmaio e perda de consciência, podendo sofrer uma parada cardíaca.
"Daí a importância que tem os professores e funcionários das escolas saberem identificar quando o aluno estiver apresentando algum sintoma de uma reação alérgica e agir com rapidez", disse a presidente da Apaam, Silvana de Sousa.
A relação escola e família é fundamental para a prevenção dessas reações. É necessário que os pais e responsáveis informem e apresentem laudos de alergias e restrições alimentares dos filhos, incluindo a lista de alimentos que não devem ter contato e os contatos de emergência.
Os alimentos e, principalmente, os utensílios da criança, devem ser identificados com etiquetas para evitar a contaminação cruzada. Em caso de festas, passeios e eventos no ambiente escolar, a escola deve informar aos pais com antecedência para que possam preparar opções sem alérgenos para o aluno.
E, no caso de alunos anafiláticos, a recomendação da pediatra e alergista Paola Dalmácio é que frequentem a escola sempre com um kit de emergência (caneta de adrenalina, inalador portátil, antialérgico ou corticóide).
Ações como palestras de conscientização e atividades educativas para a comunidade escolar são algumas das iniciativas que as instituições podem realizar para ajudar a levar informação e promover a socialização dos alunos com alergia.
O evento também contou com a presença da presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), a deputada Therezinha Ruiz, que tem buscado tornar obrigatório o fornecimento da caneta de adrenalina aos pacientes anafiláticos atendidos pelas unidades de saúde do Amazonas.
A parlamentar é autora da Lei n° 5.251/2020, que estabelece a Semana de Conscientização Sobre a Alergia Alimentar, no mês de maio.